Reflexões sobre os avanços e desafios da Comunidade LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho
Na última semana, tive a honra de ministrar uma palestra na BrasilSeg que foi muito mais do que um espaço de fala – foi uma troca poderosa! Foi leve, quase como uma conversa informal, e repleta de momentos de aprendizado. Cada história, cada pergunta e cada olhar atento destacaram o quanto é urgente refletirmos sobre os progressos que temos feito, mas também sobre os obstáculos que ainda precisam ser superados para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e acolhedor para a comunidade LGBTQIAPN+, em especial a comunidade trans. Estar ali, para mim, era mais do que um momento profissional, era um ato de resistência e transformação social.
Avanços importantes, mas desafios persistem
Nos últimos anos, o mercado de trabalho deu passos significativos em direção à inclusão. Muitas empresas entenderam que diversidade não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia de negócio poderosa. É incrível perceber como esses programas e iniciativas têm sido ferramentas de transformação. A criação de comitês e grupos de afinidade, por exemplo, dão voz às demandas da comunidade LGBTQIAPN+ e ajudam a construir políticas mais assertivas.
No entanto, é preciso olhar para o outro lado da moeda. Enquanto algumas organizações lideram essa mudança, outras ainda estão presas em práticas ultrapassadas ou sequer reconhecem a importância de incluir essas pautas em sua agenda. Isso reflete diretamente no ambiente de trabalho, onde enfrentamos preconceitos velados e, em muitos casos, abertamente hostis.
Por isso, ao longo da palestra, usei um exemplo para provocar reflexão: houve um tempo em que canhotos eram forçados a escrever com a mão direita, muitas vezes com a mão esquerda sendo amarrada! Eram considerados “errados” por algo tão natural. Felizmente, essa realidade mudou. Meu sonho é que, daqui a 20 ou 30 anos, possamos olhar para trás e dizer o mesmo sobre os preconceitos enfrentados pelas pessoas LGBTQIAPN+!
Mês da Visibilidade trans
Janeiro está chegando e é mais que uma simples virada de calendário: É o mês da Visibilidade Trans!
É um lembrete poderoso de quem somos, do que conquistamos e dos desafios que ainda enfrentamos. Uma oportunidade de trazer luz para questões que muitas vezes ficam à margem. Um mês fundamental para reafirmar nosso compromisso com a inclusão e a equidade para pessoas trans em todos os ambientes, especialmente os não profissionais.
É um mês de celebrar as vitórias. É maravilhoso ver colegas trans ocupando espaços que antes pareciam impossíveis. A presença de pessoas trans em diversas áreas, da arte à política, é uma prova de que quando temos oportunidade, nós a transformamos! A construção de um mercado de trabalho mais acolhedor passa por ampliar essas oportunidades e, claro, por normalizar a presença de pessoas trans em todos os lugares.
Mas, mesmo com certo protagonismo, sempre digo que visibilidade não pode ser apenas um calendário bonito ou postagens nas redes sociais. Devemos lutar por ações afirmativas todos os meses do ano!
Durante a palestra, destaquei a importância de reconhecer as barreiras específicas que pessoas trans enfrentam ao buscar emprego ou crescer em suas carreiras. Precisamos investir em ações reais, consistentes e duradouras. Aproveitei o espaço para reforçar algo essencial: visibilidade é mais do que existir, é ser respeitada(o), é ser vista(o) com humanidade e é ser ouvida(o) em nossas pautas. Janeiro é só um ponto de partida. A luta por equidade acontece todos os dias, em cada conversa, contratação e decisão corporativa.
A jornada de uma palestrante
Falar em público é um desafio que aprendi a amar, especialmente quando posso transformar vivências em aprendizado.
Minhas palestras abordam desde o letramento e a sensibilização LGBTQIAPN+, fundamentais para quebrar preconceitos, até boas práticas em ESG, apontando por que e como a promoção da diversidade e inclusão nas empresas tem um poder transformador!
Um dos momentos mais marcantes para mim é compartilhar minha vivência como mulher trans no mercado de trabalho. Cada relato pessoal conecta, inspira e, muitas vezes, desmonta ideias pré-concebidas. Quando falo sobre avanços, sempre busco trazer exemplos práticos, como empresas que estão na vanguarda e iniciativas que realmente funcionam, para mostrar que, sim, a mudança é possível! Crio um ambiente onde as pessoas se sentem à vontade para compartilhar suas dúvidas e reflexões. Acredito que a educação e o diálogo são ferramentas poderosas.
Gostaria de promover um ambiente de trabalho mais inclusivo? Estou com a agenda aberta para palestras e treinamentos práticos para empresas que desejam iniciar ou aprimorar suas iniciativas de diversidade. Entre em contato! Juntos vamos construir um ambiente mais justo para todos!